domingo, 9 de abril de 2017

Sono interrompido

Quero dividir meu sono interrompido,
Meu sono leve, quebrado, fugido.

Ao abrir olhos vi diante de mim um muro,
Pensei que quebrasse minha insônia, por estar ainda escuro.

Estou incomodado
Não creio que sejas cúmplice desse meu atentado.

Procuro os vestígios de ontem onde andamos,
Olhando as ondas do mar, pelas praias onde amamos.

Até te falei, que seria nossa última noite, em paz!...
Não acredito, não é verdade, que eu falei demais!

Germes e podridão

Antes,
Quando criança,
Sabia que os germes
Destruía os corpos
Só sob a terra.

Hoje,
Sei que os germes
Estão em corpos podres,
Já sobre os que vivem
Na terra.

Não fedem
Diante das nossas narinas,
Mas embrulham
Os estômagos,
Dos que andam sob
O sonho da honestidade.

Não perguntes por mim

Me arranhas o peito
E dize-me; Isso, não é fatal!
Este copo entre os dedos
Se não me faz bem,
Mal, não me faz.

Tenho o dançar suicida,
Mas dentro de mim
Existe um choro de criança.
Lírios de desesperanças
Lua pálida
Sobre uma enfermaria.

Você me chegou tarde
Meus sapatos quebraram-se
Sobre as ruas e calçadas
Que tive de andar.

Só reuni moléculas
De mal cheiro
Que vem do meu copo.

Me  enrola numa toalha
Sob um chuveiro de água fria,
Me livra dessa loucura,
Sem perguntar por mim.

Te posso flutuar em meu sonho,
Mas caio longe do teu olhar,
Acende-me, ao menos, uma vela
E faz da sua luz o meu luar.

Não tenho culpa por isso

Meu desejo chegou devagar
Não me culpe por isso,
A estrada era longa,
Cansei-me por isso.

O sonho era forte
De está contigo.
A noite é que demorou,
Não tenho culpa
Por isso.

Corri ao teu encontro
De perder o fôlego.
Mais ofegante que o coração
Não tenho culpa
Por isso.

Fiz de tudo
Para arder de febre
Contigo.
Mas outro coração
Foi por ti,
Escolhido.

Ninguém me culpe,
Não tenho culpa
Por isso.

A ponte

Deixei uma ponte para chegares
Até a mim,
Não era de ficção,
Não era sobre um campo de criação
De bois,
Não era...
Tinha belezas em volta,
Trazia diagnóstico em traços
De verdades,
Ias conhecer quadros belos em uma parede
Para os teus olhos saltarem de satisfação,
Se atravesse essa ponte,
Que deixei livre para conheceres minha alma.

Eu ia te receber com uma mão carinhosa,
E beijar a tua, com grande inspiração,
Cheio de triunfo.
Com a outra, te puxaria para junto do mim,
Te aplaudindo para o nosso pecado...
Mas não atravessaste a ponte.

Queria desafiar o tempo nesse momento
Ao deitar rosas em teus pés, ao ditar poemas
De amor, para recompor os segundos mudos de aflição,
Se te visse atravessando a ponte... a ponte
                   do meu coração.